Homem preso por atacar ao menos 17 ônibus na Grande SP é funcionário público há mais de 30 anos, diz SSP
Homem preso por atacar ao menos 17 ônibus na Grande SP é funcionário público há 30 anos O funcionário público Edson Aparecido Campolongo confessou ter si...

Homem preso por atacar ao menos 17 ônibus na Grande SP é funcionário público há 30 anos O funcionário público Edson Aparecido Campolongo confessou ter sido o responsável por ao menos 17 ataques a ônibus na Grande São Paulo, segundo informou a Secretaria da Segurança Pública (SSP), nesta terça-feira (22), em entrevista coletiva sobre o caso. Edson foi preso pela Polícia Civil na manhã desta terça sob a suspeita de ter participado de ataques a ônibus na região metropolitana de São Paulo nas últimas semanas. O irmão dele, identificado como Sérgio Aparecido Campolongo, teria participado de ao menos dois atos e também teve prisão preventiva decretada pela Justiça, mas não havia sido localizado até a última atualização desta reportagem. Na coletiva, realizada nesta terça no Centro da capital, o secretário-executivo de Segurança Pública do estado, Osvaldo Nico, afirmou que Edson contou que a motivação para os crimes seria "consertar o Brasil", mas o próprio secretário-executivo afirmou não acreditar nesta história. "Acredito que ele arregimenta [organiza] outras pessoas para realizar os ataques. Mas ainda estamos no início da investigação", afirmou Nico. O delegado seccional de São Bernardo do Campo, Domingos de Paula Neto, disse que o suspeito é funcionário público há mais de 30 anos em um órgão estadual, onde atua como motorista do chefe de gabinete. De acordo com informações do Portal da Transparência, Edson trabalha no Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU). Em junho, recebeu remuneração de R$ 10.996,13 líquidos. Procurada, a CDHU não informou até a última atualização desta reportagem se afastaria o funcionário. Segundo o delegado, a polícia chegou até ele após identificar um veículo Virtus branco que estava presente em diversas cenas de ataques, tanto na Grande São Paulo quanto na capital. O carro seria um veículo oficial do estado. "Ele é motorista do chefe de gabinete [do CDHU]. Servia esse chefe há cerca de um ano. Por coincidência, este chefe de gabinete mora em São Bernardo e trabalha em um órgão público no Centro de São Paulo. Todos os dias, esse veículo está em deslocamento de São Bernardo para a capital", afirmou o delegado Neto. A polícia descarta o envolvimento do chefe de gabinete nos crimes. De acordo com informações do Portal da Transparência, Edson Aparecido Campolongo trabalha no Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU). Divulgação/Policia Civil A rotina de deslocamento de Edson, que inclui São Bernardo do Campo, onde o chefe de gabinete mora, até o Centro de São Paulo, onde ele trabalha, foi mapeada para entender o uso do veículo fora do horário de trabalho. "O carro que ele utiliza, que é o Virtus branco, teve o vidro traseiro esquerdo quebrado [durante os ataques], e o carro particular dele também quebrou o vidro traseiro. A gente não descarta que ele tenha usado o carro particular em algumas ações", disse Neto. Por esse motivo, as investigações não descartam a possibilidade de Edson ter agido acompanhado em todos os casos. “Se quebrou o vidro traseiro, pode ser que tinha alguém atrás dele [com ele dirigindo] que acabou atirando o estilingue para o interior do veículo e estilhaçou o próprio vidro. Como não tinha mais alternativas, ele acabou confessando que o irmão participou de duas ações." Na segunda (21), a polícia prendeu dois outros homens suspeitos de envolvimento nos ataques. Os casos aconteceram na Brasilândia, na Zona Norte, e na Vila Mariana, na região Sul. A diferença entre esses episódios e de outros suspeitos que foram identificados, segundo Neto, é que "muitos participaram uma única vez". "Qual a diferença deles com os que foram até então identificados? Muitos participaram uma vez e não nos passaram os motivos pelos quais tinham agido. Mas, com esse cidadão [Edson], foi diferente. Nós o colocamos nas cenas dos crimes não uma, duas ou três, mas várias vezes com horários e, outro detalhe, estava portando celular, que rastreamos e fizemos todo o trajeto", explicou Neto. Na coletiva, foi descartada a hipótese de que os casos estariam relacionados com desafios online, que já foram cogitadas como linha de investigação. No caso de Edson, o efeito manada (que é quando indivíduos seguem o comportamento ou opiniões de um grupo) também foi rejeitado. "Esse caso não é o chamado 'copy cat', em que a manada vem e começa a praticar", disse Luiz Carlos do Carmo, diretor do Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo (Demacro). Participaram da coletiva nesta terça o Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo (Demacro), o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), da capital e de São Bernardo do Campo, a Polícia Militar, além de representantes da Secretaria da Segurança Pública paulista. Coletiva imprensa nesta terça-feira (22) sobre prisão de suspeito de ataques aos ônibues em SP e Grande SP Reprodução Ataques na Grande SP Edson foi preso pelo Deic de São Bernardo do Campo após trabalho de inteligência e cruzamento de dados. Segundo a TV Globo, 15 destes ataques ocorreram em São Bernardo e 1 na avenida Jorge João Saad, no Morumbi, na Zona Sul de São Paulo. Neste último, uma criança acabou atingida por estilhaços de vidro e foi levada para uma unidade de saúde. Na casa de Edson, a polícia encontrou, segundo as informações oficiais, estilingues, pedras e outros materiais que seriam utilizados em ataques futuros. Na casa de Edson, a polícia encontrou, segundo as informações oficiais, estilingues, pedras e outros materiais que seriam utilizados em ataques futuros. Divulgação/Polícia Civil O que se sabe até o momento sobre os ataques a ônibus em SP A Grande São Paulo contabiliza 813 ataques a ônibus, ocorridos em 27 cidades, desde 1º de junho até a segunda (21) (veja abaixo principais vias onde coletivos foram atacados). Um relatório do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) aponta que cerca de 80% dos casos ocorreram nas zonas Sul e Oeste, com predominância da Zona Sul. Ônibus são vandalizados na capital paulista, segundo a SPTrans Reprodução O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), fez uma crítica à Polícia Civil pela demora para descobrir quem está por trás da onda de ataques a ônibus na cidade e a motivação das depredações. Em 17 de julho, a Polícia Militar deteve três pessoas em um veículo suspeito de participação aos ataques. Segundo a PM, elas prestaram depoimento por cerca de cinco horas, mas foram liberadas. Ainda segundo a polícia, um dos detidos passava ao lado dos ônibus atirando bolinhas de gude. Policiais do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) revelaram à TV Globo no dia 16 que, agora, a principal linha de investigação da polícia em relação aos ataques a ônibus na Grande São Paulo é a disputa entre empresas que atuam no ramo do transporte urbano coletivo. Como pano de fundo, haveria uma disputa pelo poder dentro do sindicato de trabalhadores da categoria que já dura alguns meses e foi até parar na Justiça. A polícia apura se grupos rivais no sindicato possam ter começado esses ataques para prejudicar empresas concorrentes. A hipótese de que os ataques tenham relação com uma disputa interna de poder ganha força em relação a duas outras linhas de investigação que também vêm sendo consideradas — ligação com o PCC e desafios de internet. Isso porque as empresas cujos ônibus são atacados sofrem com gastos de manutenção e multas aplicadas pela prefeitura pelo tempo de não circulação dos veículos. A polícia admite ainda haver um efeito de "contaminação" na depredação dos ônibus — pessoas não ligadas ao setor de transporte urbano coletivo também teriam atacado veículos. Ataques a ônibus em SP: disputa entre empresas é a principal suspeita da polícia Um dos ataques mais graves foi na Zona Sul, em que uma pedra acertou em cheio o rosto de uma passageira, causando várias fraturas no rosto dela. Ataque a ônibus da Rod. Raposo Tavares Reprodução/Aconteceu em Cotia Ataque a ônibus em Cotia Reprodução Passageira ficou ferida após ataque com pedra a ônibus em São Paulo. Suspeito foi preso Reprodução SP tem quase 800 ataques a ônibus