EXCLUSIVO: ‘As coisas que eu vi não vão sair nunca da minha cabeça’, diz viúva de rapaz assassinado a golpes de ferramentas
Thalles Henrique de Souza Santos e Lisley Evellyn Cares Galvão estavam juntos havia quase três anos Cedida “É a dor misturada com ódio, com raiva, porque,...

Thalles Henrique de Souza Santos e Lisley Evellyn Cares Galvão estavam juntos havia quase três anos Cedida “É a dor misturada com ódio, com raiva, porque, olha, as coisas que eu vi não vão sair nunca da minha cabeça”. A frase acima foi dita, em entrevista exclusiva ao g1, nesta terça-feira (22), pela promotora de vendas Lisley Evellyn Cares Galvão, de 23 anos, que testemunhou o assassinato do próprio marido, o frentista Thalles Henrique de Souza Santos, de 19 anos. 📱 Participe do Canal do g1 Presidente Prudente e Região no WhatsApp Thalles foi morto no último dia 14, na residência onde o casal morava, no Jardim Vale do Sol, em Presidente Prudente (SP), vítima de golpes de ferramentas desferidos pelo dono do imóvel e pelo filho dele, que haviam ido à casa para fazer um conserto em um vazamento na tubulação de água. Os suspeitos fugiram do local e até o momento ainda não foram localizados pela Polícia Civil, que investiga o caso registrado como homicídio triplamente qualificado. Após nove dias de investigações, a única coisa que a viúva de Thalles pede é justiça, mesmo sem poder ter o seu marido de volta. “A única coisa que eu quero é justiça, que peguem eles [suspeitos], porque nada vai trazer ele [Thalles] de volta, mas a esperança que a gente quer é que peguem eles, porque a gente está sofrendo demais, demais, demais. A cada dia que passa, a dor está pior, a dor aumenta, e, olha, é uma coisa, assim, que eu não desejo pra ninguém passar. Foi muita crueldade, muita covardia. E o que a gente quer é justiça, que achem eles, porque não tem mais, assim, nem palavras, sabe? Tanto que a dor, tamanha dor que está”, disse Lisley ao g1. VEJA TAMBÉM: A golpes de ferramentas, pai e filho matam inquilino de residência alugada no Jardim Vale do Sol, em Presidente Prudente Conforme a Polícia Civil, os homens já são considerados foragidos. “[Os policiais] Estão verificando, estão indo nos locais, que possivelmente de encontrar, ainda não encontraram eles, estão vazados ainda. Inclusive, eu conversei com um dos policiais hoje, eles estão foragidos, a polícia está atrás, mas ainda não encontraram. Estão foragidos, literalmente”, explicou Lisley. O casal iria completar três anos de matrimônio em outubro próximo, mas teve seu sonho interrompido. “Ele era uma pessoa excelente, um menino trabalhador, menino novo, cheio de sonhos, um menino de um coração que não cabia no peito, ajudava todo mundo, inclusive, que só teve comentários bons sobre ele, pessoas próximas que conheciam ele no trabalho, que ele era frentista de posto de gasolina em Prudente. Era um menino que procurava ajudar todo mundo, sempre procurava ajudar, tinha um coração bom, não via maldade. É difícil, porque sobre a pessoa dele eu não tenho o que falar, e pessoas próximas também que o conheceram, não têm o que falar dele, ele era um menino puro, cheio de sonhos, trabalhador, educado, sempre tratou todo mundo bem, independente se ele conhecesse ou não. Então, sobre ele eu não tenho o que falar nada, e nem pessoas que o conheceram, porque ele era um menino de ouro. É isso que eu tenho para falar dele”, relembrou a viúva sobre Thalles. Segundo ela, os suspeitos chegaram à residência fora do horário combinado para o reparo no encanamento e o casal de inquilinos iria trabalhar, motivo pelo qual não iria deixar o portão da casa aberto. “Os suspeitos chegaram lá porque o certo era eles terem ido na parte da manhã, eu tenho todas as provas no meu celular, porque a casa era pela imobiliária, eu entrava todos os dias em contato com a imobiliária, para eles irem lá resolver o problema do vazamento, porque a minha água estava vindo um absurdo. Eu entrava em contato com o rapaz da imobiliária e, nos dois dias, na sexta-feira e na segunda-feira, ele mandou um áudio falando: ‘Os rapazes vão lá na parte da manhã fazer o reparo’. Porque eu falei para ele: ‘14h o meu marido sai para trabalhar, não vai ter ninguém na minha casa’. Aí, beleza, passou na sexta-feira, ele mandou [mensagem] de manhã que ia lá, não foram, na sexta-feira de manhã não foi ninguém, aí, quando foi na segunda-feira de manhã, voltei a ter retorno com o [funcionário da imobiliária] de novo, falei: ‘Ó, sexta-feira não veio ninguém, e eu preciso que arrume, porque minha água está vindo muito caro’. Aí o [funcionário da imobiliária] retornou na mesma mensagem: ‘Ó, eles vão ir na parte da manhã’. Até então, beleza, não foram. Aí quando chegou o horário que eu fui para almoçar, 12h30, meu esposo entrava às 14h, então ele já estava em casa desde a parte da manhã esperando, então não foi ninguém, aí eu peguei, cheguei do meu serviço 12h30 para almoçar, meu esposo já estava acordado, tomado banho, almoçando para trabalhar, e até então não foi ninguém, eu falei para o meu marido: ‘Então eles não vêm hoje’. Porque 14h a gente não ia estar mais em casa”, detalhou Lisley ao g1. Thalles Henrique de Souza Santos e Lisley Evellyn Cares Galvão estavam juntos havia quase três anos Cedida 'Foi covardia', diz jovem De acordo com a viúva, Thalles não foi violento nem ofensivo com o dono da casa e seu filho, que chegaram ao local por volta das 14h para fazer o conserto no encanamento, mas apenas disse-lhes que o casal iria trabalhar naquele momento e ainda sugeriu que o proprietário do imóvel poderia retornar em um dia em que os moradores estivessem de folga. “Aí foi a hora que a gente pegou, saiu, abrimos o portão, eram umas 13h45, mais ou menos, fomos, montamos na moto, foi aonde que a gente pegou, estava chegando mais ou menos na esquina, tipo, à frente de casa, que eu avistei o carro do dono da casa, eu falei: ‘Ó, ele está vindo ali, vamos voltar?’ Maldita hora que eu falei para a gente voltar para trás, aí a gente voltou, meu marido pegou, abriu o meu portão, com a maior educação do mundo, falou: ‘[...], aqui está o vazamento de dentro da minha casa’. Ele [dono do imóvel] pegou, entrou com o meu marido dentro do meu quintal, meu marido mostrou, ‘aqui está o vazamento’, aí ele pegou, entrou na garagem ao lado, porque como a casa que a gente morava era parede e meia, então, a minha garagem era separada para o lado de fora. Aí meu marido mostrou o nosso quintal, onde estava o vazamento, mostrou a garagem onde estava úmida, aí mostrou tudo, aí, beleza, aí meu marido falou: ‘Ó, agora eu tenho que ir, porque eu tenho que entrar no serviço, eu não posso atrasar, eu vou deixar a minha casa fechada’. Porque a gente tinha animal, a gente tinha as coisas no nosso quintal, eu também não autorizei deixar o nosso portão aberto, porque eles tiveram a informação, sabiam que a gente não ia estar mais lá, depois daquele horário, falaram que iam de manhã e não compareceram, aí meu marido falou para o proprietário: ‘Ó, eu estou indo trabalhar, eu não vou deixar o meu portão aberto e, se vocês quiserem, vocês podem voltar no sábado, que vai ser a minha folga’, foi sábado [19] passado agora”, disse a viúva ao g1. Lisley contou que a conta de água estava cara, pois havia um vazamento em sua casa, e o casal de inquilinos até cogitou descontar do aluguel esse valor que viria a mais, caso não houvesse o conserto por parte do dono. Segundo ela, o proprietário ignorou, se irritou e partiu para cima de Thalles. Como o pai e o filho estavam juntos, o inquilino não teve chances de se defender e foi golpeado pelas costas. “Foi onde o proprietário da casa começou a ignorar, começou a falar, ‘que se foda, então, a pressa é sua, fica aí com a sua conta’, meu marido falou: ‘Não, beleza, já que você não vai resolver, eu vou pegar e vou descontar todo do aluguel o talão’. Foi onde ele [proprietário da casa] se alterou, ficou bravo que o meu marido comentou com ele que ia descontar do aluguel o valor da conta, ele ficou bravo, os dois começaram a bater boca, ele falou que o dinheiro do meu marido era uma merda, que ele não precisava do dinheiro, começaram a bater boca, foi onde aconteceu a briga. Eu não posso entrar em detalhes porque a minha sogra está aqui e eu não acho certo falar para ela, que ela está, como mãe, vocês sabem como que é. Foi onde começou a bater boca e o [proprietário da casa] se alterou e pegou a ferramenta [enxada] que ele estava na mão, e os dois começaram, aconteceu a briga, ele arremessou no meu marido, meu marido caiu, o filho veio e pegou meu marido por trás. Então, assim, não tem justificativa, não tem motivo, não tem, foi covardia, foi, eu não tenho palavras, assim, para explicar, não tinha necessidade, ele se alterou por conta de que meu marido falou para ele que, se ele não arrumasse, ia descontar do aluguel, foi onde ele se alterou, foi onde começou a bater boca, o [proprietário da casa] arremessou a enxada no meu marido, os dois caíram, o filho veio por trás, foi assim, coisa de segundos, sabe?”, contou Lisley. De acordo com ela, o casal mal tinha contato com o proprietário, com quem nunca havia se desentendido. Thalles Henrique de Souza Santos e Lisley Evellyn Cares Galvão estavam juntos havia quase três anos Cedida Além disso, Lisley também informou que não sabe onde os envolvidos moram, pois não conversava com eles, e todas as questões relacionadas ao imóvel eram passadas para o funcionário da imobiliária responsável pelas casas do suspeito. “Não sei, porque, assim, a gente morava na casa, estava com um ano e dois meses, e todos os problemas que a gente ia relatar, a gente relatava com o rapaz da imobiliária, que ele era responsável pelas casas do [...]. Então, eu via o [...], que é o dono, quando ele ia lá, na verdade nunca mandaram encanador, nunca mandaram, vamos supor, eletricista, nunca mandaram uma pessoa digna, ele ia lá com os quebra-galhos dele, o dono da casa, sabe? Então, eu não sabia o endereço do [proprietário da casa], não sabia nada, mas isso aí agora está tudo com a polícia, porque, como eu não sabia, a polícia investigou tudo certinho, mas endereço certo, essa coisa eu não sei”, relatou a viúva. Conforme ela, o casal nunca deu motivo para o proprietário ter algum problema ou vir a cobrar algum valor atrasado deles. “O nosso aluguel sempre foi depositado antes, sabe? O nosso aluguel vencia sempre no dia 15, a gente pagava um mês antes, no nosso vale. O nosso vale era dia 20, o aluguel vencia dia 15 do mês que vem, a gente sempre pagou antes, nunca tivemos problema com conta de aluguel, nem com vizinho, com nada. Então, nada justifica, nada justifica o que aconteceu”, contou Lisley ao g1. Para Lisley, as imagens do crime nunca irão desaparecer de suas memórias, pois, sempre que se lembrar de seu marido, pensamentos de sonhos interrompidos irão vir-lhe à mente misturados com dor e raiva. “Porque é a dor misturada com ódio, com raiva, porque, olha, as coisas que eu vi não vão sair nunca da minha cabeça”, finalizou a jovem ao g1. Thalles Henrique de Souza Santos e Lisley Evellyn Cares Galvão estavam juntos havia quase três anos Cedida VÍDEOS: Tudo sobre a região de Presidente Prudente Veja mais notícias em g1 Presidente Prudente e Região.