Empresários são condenados por usar bingo beneficente e 'laranjas' para lavagem de dinheiro no interior de SP
Casal é condenado por lavagem de dinheiro em Sertãozinho A Justiça condenou seis pessoas, entre elas empresários, acusadas de fazerem parte de uma organiza�...

Casal é condenado por lavagem de dinheiro em Sertãozinho A Justiça condenou seis pessoas, entre elas empresários, acusadas de fazerem parte de uma organização criminosa que se utilizou de empresas de fachada, "laranjas" e até da realização de bingos beneficentes em prol da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Sertãozinho (SP) para lavagem de dinheiro obtido por práticas como o tráfico de drogas. ✅Clique aqui para seguir o canal do g1 Ribeirão e Franca no WhatsApp Entre os alvos da sentença estão Paulo Eduardo Pignata, condenado a 20 anos de prisão e apontado como um dos líderes das fraudes, sua ex-mulher, Simone Martinussi Pignata, condenada a 15 anos e apontada como intermediária e administradora dos recursos ilícitos, e Samuel da Silva, condenado a 10 anos de prisão e também considerado um dos articuladores do esquema. Além da lavagem de dinheiro, a Justiça aplicou penas por organização criminosa e falsidade ideológica, porque os acusados ajuizaram uma ação de alvará judicial para obter a autorização para realização do bingo beneficente, mas dissimulando sua verdadeira finalidade. "Há diversas provas nos autos de que, por meio das atividades do Bingo, Paulo e Samuel promoveram a dissimulação da origem e da natureza de seus recursos, movimentados em diversas transações em nome de terceiros, triangulações e mediante fracionamento, os quais eram provenientes, direta e indiretamente, de infrações penais por eles praticadas e com as quais estavam envolvidos", afirmou o juiz Hélio Benedini Ravagnani. Paulo e Samuel também foram condenados a pagar R$ 500 mil a título de indenização por danos morais coletivos para a Apae. A Justiça também determinou o bloqueio e a perda de bens dos réus. Advogada de Paulo e Simone, Mariana Queiroz Reis disse que vai recorrer e provar a inocência dos acusados. "A gente entende que as penas foram desproporcionais e injustas. Tem todas as provas nos autos que comprovam a licitude das empresas e a idoneidade dos acusados", afirmou. A defesa de Samuel da Silva comunicou que vai entrar com os recursos cabíveis por não concordar com a decisão. Apae de Sertãozinho (SP) Marcelo Moraes/EPTV Operação 'Bingo' O esquema criminoso foi investigado pela Operação 'Bingo', deflagrada em outubro de 2022, quando Simone foi presa em um apartamento na Avenida Professor João Fiúsa, na zona Sul de Ribeirão Preto (SP), com R$ 300 mil em espécie, entre notas de real, dólar e euro. Na mesma força-tarefa, Paulo Pignata foi preso em um condomínio de luxo no bairro Vila do Golfe, também na zona Sul de Ribeirão Preto. Carros de luxo apreendidos em operação contra empresários suspeitos de lavar dinheiro na região de Ribeirão Preto Naiana Kennedy/CBN Ribeirão Segundo os investigadores, a lavagem de dinheiro ocorreu a partir de 2018 de diferentes formas para ocultar recursos obtidos por tráfico de drogas e exploração de jogos de azar. Depósitos de grande valor para empresas de fachada, triangulação em contas bancárias de terceiros, utilizados como "laranjas" e saques fracionados foram realizados para não levantar suspeitas, apontou a operação. Além disso, as autoridades descobriram que os acusados realizaram bingos beneficentes em prol da Apae de Sertãozinho para a lavagem de dinheiro. Para isso, de acordo com as denúncias, Paulo e Samuel solicitaram à Justiça um alvará para a realização do evento "Bingo Sertão", mas, ao obterem a autorização, fizeram uma série de mudanças a fim de atender aos próprios interesses. "Todos os elementos apontam que o “Bingo Sertão” não foi um bingo de cariz beneficente, mas sim, um instrumento de que se valeram os autores da empreitada criminosa para maquiar a origem ilícita dos recursos, em nítida caracterização do crime de lavagem de dinheiro", afirmou o juiz. Paulo e Simone Pignata, condenados por lavagem de dinheiro em Sertãozinho (SP). Reprodução/EPTV LEIA TAMBÉM Operação prende empresários suspeitos de movimentar R$ 500 milhões com lavagem de dinheiro na região de Ribeirão Preto No pedido do alvará, os organizadores alegaram que todos os recursos do bingo seriam destinados ao pagamento de dívidas e projetos da Apae e indicaram uma empresa para a realização do evento. Mas, ao obter o alvará, o grupo não só contratou outra empresa como alterou condições, como o local da realização do bingo: em vez da sede da Apae, o evento foi remanejado para um endereço de propriedade de Simone. Além disso, os responsáveis estabeleceram em contrato um pagamento mínimo mensal de R$ 15 mil à nova empresa gestora do bingo, também investigada na operação. Os investigadores também identificaram que o evento realizado pelo grupo não tinha características de bingo beneficente, mas sim como uma atividade de aposta. Eles não encontraram documentos que comprovassem a procedência lícita dos recursos empregados na instalação e no funcionamento do bingo. "Assim, no período total de exploração do bingo, comprovouse nos autos que, apesar de o montante movimentado ter sido estimado em R$ 223.678,52, foram repassados para a APAE de Sertãozinho/SP apenas R$ 18.000,00", afirmou o juiza. Veja mais notícias da região no g1 Ribeirão Preto e Franca VÍDEOS: Tudo sobre Ribeirão Preto, Franca e região